17.4.06

Pois só podia dar nisso. Noite passada. Eu deitado ao lado de uma bela mulher, já com o corpo exaurido de forças após horas fazendo o que tenho por bem fazer quando estou à noite acompanhado de uma bela mulher, e lá pelas tantas pegamos no sono; nem cheguei a ter quinze minutos de um cochilo leve, acordei assustado, com a fixa idéia de que tinha que ligar para as companias policiais da região e preocupado também com não estar acompanhando via rádio o andamento dos trabalhos dos orgãos de defesa da cidade. Nunca me havia acontecido isso antes; estava duplamente assustado e preocupado: com o trabalho e com agora preocupar-me com ele enquanto durmo.
Mais uma vez o rádio me pregando peças. Sentindo-me refém de um desses derivados da invenção de Graham Bell - desse santo homem porém deveras incoveniente em certos momentos - penso que um dia terei minha desforra contra o aparelho. Ainda não sei bem qual será essa desforra - atos criminosos não passam por minha cabeça - entretanto não há dúvidas de que ela virá.
Fiquei um tanto incomodado com o acontecimento, mas não quis comentar nada com a companheira, que me parecia entrando em um gostoso sono, e logo adormeci novamente.
Na manhã seguinte foi ela quem me acordou, perguntando-me se eu não iria ao compromisso que tinha no centro da cidade. Levantei-me, vesti as calças e a blusa, peguei alguns pertences meus espalhados pelo quarto e beijei-a uma última vez. Já não lembrava mais do rádio nem mesmo pensava no trabalho. Saí do quarto, no corredor cumprimentei a simpática mãe da moça e que já estava acordada e perambulando pela casa, preocupado com seus afazeres, e tomei o ônibus.

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