4.4.06

exorto as dores de mim em sí mesmas
agora que tenho o conforto de teu colo
são poucas as horas de sono, é verdade
mas como medir o descanso quando recostado à sombra de teu afago

sabe-se que nada é verdade
bem como tudo pode vir a ser
a única certeza é a carne
pulsando sob a pele
ah! e como pulsa minha carne após uma curta noite curtida em tua beleza!

Após a noite fugaz que passei ao teu lado, somam-se já dias sem uma longa noite de sono. Encontro-me no centro da cidade e sem rodeios paro num desses bares asiáticos e bebo uma cerveja e fumo um cigarro - são dias já também sem fumar um cigarro.
Bebi a cerveja e fumei o cigarro. E ao fazê-lo penso no amplo horizonte que como há muito não fazia abre-se à minha frente, e penso calmamente como os calejados marinheiros que se dão o tempo de sentir o vento e as vagas da tormenta calmamente, aproveitando as forças em seu favor.

Faço isso sentado ao banco da praça. Tudo isso observando os incertos passos dos transeuntes a minha frente; esperando um com o rumo certo para que o possam seguir - e para que eu também o possa.

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