7.5.08

Eu sinto tanta revolta por não controlar o tempo de que disponho contigo que as coisas fundamentais me fogem ainda mais. A saudade que sinto é banal frente a motivos como o olor de teu hálito, a maciez de tua pele e luz do sorriso dos lábios. Ah... E a envergadura dos arcos de teus olhos, arcos de grandeza Jônica. A cada lágrima percebe-se a solidez dos largos pilares que sustentam tua beleza, a cada lágrima percorrendo o rosto, liso e alvo mármore, basal para a pequenez do sorrisinho sem vergonha e que leva-nos a cometer as piores atrocidades.
Ah, pequena, se eu te pudesse neste exato momento... Mas agora é tarde. Só te posso em um tempo que virá. Ah, polaca, e lá, talvez, minha vontade seja, talvez, controlar e controlar uma outra força que não a tua enorme. Talvez e mais uma vez, certamente, será o tempo a força em minha frente. E contra o tempo nada posso não que me debater. Mais uns momentos, então, me debaterão os sentidos frente a ti.
Eu vejo, agora que estou mais calmo, os dedos longelínios e as unhas vermelhas. Sempre que os vejo assim, às unhas rubras, pela força do contraste com a pele branca ou pela rudeza com que as colore, percebo que não só elas estão vermelhas e que a cor transmite calor para suas bordas; e as bordas por sua vez o transmitem um pouquinho mais adiante e aí o calor percorre teu corpo, percorre teu corpo, teu corpo em uma velocidade que não agüenta em ti e me apanha.
Que mais... Ah, pequena! Vejo também, longe dos medos do tempo, teu dorso; altivo e incólume nos momentos solenes das noites em que se exibe ao pobre público, fotogênico porque é a própria fotografia. Enquanto debaixo de um sol sem pretensões... Aí ele guarda, nesses momentos onde não se pretende abrir muito a vista, ele pretende o charme desleixo, uma leve curvatura posterior, quase uma defesa, quase se escondendo, guardando maroto, pueril, os momentos mórbidos para erguer seu brilho expansivo.
Ai... Vejo tanto que não consigo dizer... E é certo que pensas que não sei de nada disso; não sei de cada pinta e cada pelo e do cheiro de cada poro... É verdade que amanhã talvez não saiba mesmo, tanto me debato com o momento de dizer e descobrir cada uma dessas pequenas coisas. Mas minha língua sabe tanto...