9.4.06

É ainda meia-noite. Tenho fome, muita fome, e já não aguento mais este maldito rádio zunindo em meu ouvido, este aparelho infernal ao qual estou preso durante as vinte e quatro horas de sábado e que não para de me falar coisas sobre mortos, feridos e acidentados por um segundo, num ruído desritimado e ininterrupto. E é ainda meia-noite - ficarei por aqui até meio-dia. Afinal, eu me pergunto: porque não paro de reclamar e peço logo, pelo telefone, algo para comer? Ao menos assim parte do sofrimento abranda. E eu mesmo, prontamente, respondo: lógico! não peço pois sumiram com a maldita lista telefônica deste maldito lugar! Que ótimo!
Só eu trabalho por aqui, no fim-de-semana. Fico só, com o prédio todo a meu dispor. Isso aqui fica jogado às traças - tudo só pra mim.
Todo o prédio e nenhuma lista telefônica!
Todo o prédio e toda a fome que eu puder.

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