5.8.08

II

No quarto, não havia muita coisa. Logo ao entrar, depara-se com uma cama curta, feita de madeira escura e detalhes em bronze, coberta com dois colchões velhos e um lençol velho e amarelado. Na parede oposta à porta, há uma pequena prateleira fixada e nela alguns livros além de um porta retratos barato; ao lado, uma estante escura pendendo para o lado da cama devido ao peso da televisão e do restante dos livros existentes no quarto que nela estavam. A única janela, alí, era baixa e dava para o portão azul. Por ser baixa, não muito acima da cintura de Bernardo, a janela permitia aos inquilinos do quarto usá-la como saída alternativa; tal ato, praticado com alguma frequência, manchava o batente da abertura e todo o entorno. Aliás, aquele não era o único lugar manchado. A terra vermelha da região é terrível, e as paredes verde-claro e o chão de azulejo branco possuíam muitas manchas avermelhadas, marcas de mãos e pés davam um ar sujo ao cômodo. O único reduto de clareza eram as portas do armário embutido recém pintadas.
Às noites, Bernardo começava a sentir forte falta de ar.

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