1.8.08

I

Entrou pela porta da casa. Uma porta de serviço, embutida em um grande portão basculante azul claro. A única entrada, pela frente. Uma rua com alguns Fícus pela calçada das casas vizinhas, em um bairro com vocação para a pobreza. Com alguma frequência, à noite, o perfume de fogueira toma o ar da região. Entrou pela porta. Era noite.
Ao pisar no interior do lugar, é inevitável que o cachorro lhe pule nas pernas. Um dálmata muito bem apanhado, alto e forte, com o gênio de uma criança de sete anos. Era apenas chutá-lo para que não incomodasse mais. Foi o que fez. Seguiu pela garagem até a porta da sala; entrou, e atravessando-a na ponta dos pés, chegou até seu quarto. Alugara o cômodo de um casal de velhos. Os dois tinham mais de setenta anos; o marido, sempre mal-humorado e ríspido, era alto e muito gordo e usava farta e longa barba branca.
Bernardo acabava de mudar-se para aquela casa. Sentiu-se mal ao sentar na cama, enquanto descalçava os sapatos.

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