26.8.06

Chegou em casa, apática. Deixou o carro, a sala, o corredor e sentou-se em sua cama. Sem uma brisa sequer, o ar do local refletia seu humor estagnado. Minutos depois ele chegou.

- Boa noite, querida! - contente
- Boa noite.
- Aconteceu algo.
- Nada. Estou cansada, hoje o trabalho não rendeu. Não escrevi uma linha.
- Não é isso. - afável e incrédulo, as sombrancelhas arcadas, os olhos fugidios como a procurar algo distante.
- O que é, então?
- Não sei.
- É isso: meu trabalho. Estou um pouco cansada.
- São os últimos meses. Já, já, acaba.
- Eu sei, eu sei.

Ela continua sentada na cama, imóvel. Os cotovelos apoiados nos joelhos. Ombros caídos e os olhos fitando o rapaz. Esses olhos são como duas verdes pedras translúcidas e muito profundas.
Ele encontrava-se escorado no batente da porta. Aproximou-se sorridente. A moça recusou. Nada tirava dela o ar prostrado.

Nenhum comentário: